quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Roteiro de filme

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Nem uma palavra de tudo isso me convence. Em sua maioria, são palavras que acho desprezíveis: palavras do tipo que Helen usa, que Helen pensa: eu não posso viver sem isso, ele não pode viver sem aquilo, minha mulher, meu homem, meu destino... Coisa de criança! Matéria para cinema! Roteiro de filme!

Contudo, se essa mulher não é a minha mulher, o que estou fazendo aqui? Se ela não é o meu destino, por que fiquei ao telefone das duas às cinco da manhã? É apenas o meu orgulho que não me permite abdicar em favor de seu protetor homossexual? Não, não foi isso que me fez agir assim. Nem tampouco estou agindo por responsabilidade, ou por vergonha, ou masoquismo, ou prazer de vingança...

Philip Roth in O Professor de desejo, Círculo do Livro, tradução de Gabriella de Mendonça Taylor, pág.74/75, 

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