Santa Alexandrina. Admirável rua do bairro do Rio Cumprido, nela minha mãe passou seus últimos dias neste mundo. Certa manhã, lendo um jornal, D. Rosália depara com um suelto reclamando a existência na sala de visitas de uma residência da Rua Santa Alexandrina de quadros ofensivos e perturbadores da moral do bairro. Ficou indignada minha mãe com o desaforo da classificação dos quadros do seu filho que ela guardava com carinho.
Vestiu-se com seu melhor traje, tomou um táxi e lá foi à redação do jornal entender-se com o redator-chefe sobre a publicação do suelto difamador. Explicou:
- Sr. redador-chefe não há nada de imoral na minha casa, convido-o a visitar-me. Os quadros que ornamentam minhas paredes e que estão à vista de quem passa na rua são obras de Di Cavalcanti.
- Mas a senhora gosta de Di Cavalcanti - admirou-se o jornalista.
E D. Rosário, dando fim a entrevista:
- Sim senhor! desde que ele nasceu....
Di Cavalcanti in "Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca", 1964, Editora Civilização Brasileira, fls.86/87
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