terça-feira, 5 de abril de 2016

Mãe é mãe desde sempre!


Santa Alexandrina. Admirável rua do bairro do Rio Cumprido, nela minha mãe passou seus últimos dias neste mundo. Certa manhã, lendo um jornal, D. Rosália depara com um suelto reclamando a existência na sala de visitas de uma residência da Rua Santa Alexandrina de quadros ofensivos e perturbadores da moral do bairro. Ficou indignada minha mãe com o desaforo da classificação dos quadros do seu filho que ela guardava com carinho.

Vestiu-se com seu melhor traje, tomou um táxi e lá foi à redação do jornal entender-se com o redator-chefe sobre a publicação do suelto difamador. Explicou:

- Sr. redador-chefe não há nada de imoral na minha casa, convido-o a visitar-me. Os quadros que ornamentam minhas paredes e que estão à vista de quem passa na rua são obras de Di Cavalcanti.

- Mas a senhora gosta de Di Cavalcanti - admirou-se o jornalista.

E D. Rosário, dando fim a entrevista:

- Sim senhor! desde que ele nasceu....


Di Cavalcanti in "Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca", 1964, Editora Civilização Brasileira, fls.86/87

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