quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Urubu Esvoaçam


Urubus esvoaçam. Na colina
uma névoa se esgarça, fria e fina.
A manhã brota quente e cristalina
e no céu se sucedem tons azuis.
Barracões de tijolo avermelhado
galgam morros e descem do outro lado,
e fervilham pessoas como gado
nas vielas banhadas dessa luz.


A Cidade, que é mãe e é assassina,
é janela e também é guilhotina;
ninguém sabe quem jaz sob o capuz.
Que destino cruel foi consumado?
Mundo e tempo de quem foi encerrado
bem ali? Esvoaçam urubus.


Braulio Tavares in Revista E, julho 2016, pág.51

Nenhum comentário: