Urubus esvoaçam. Na colina
uma névoa se esgarça, fria e fina.
A manhã brota quente e cristalina
e no céu se sucedem tons azuis.
Barracões de tijolo avermelhado
galgam morros e descem do outro lado,
e fervilham pessoas como gado
nas vielas banhadas dessa luz.
A Cidade, que é mãe e é assassina,
é janela e também é guilhotina;
ninguém sabe quem jaz sob o capuz.
Que destino cruel foi consumado?
Mundo e tempo de quem foi encerrado
bem ali? Esvoaçam urubus.
Braulio Tavares in Revista E, julho 2016, pág.51
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