quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Auto-Retrato (Autorretrato hoje)


Nos olhos já se vê dissimulada
Preocupação de si, e amor terrível.
A incessante notícia de uma luta
Com as panteras bruscas do invisível
É como a sensação de sede e fome.
Mudo, na cor translúcida da face
Já se insinua o pálido comparsa.
Na fronte existe um vinco que disfarça
Qualquer coisa.... se acaso disfarçasse.
Mas não se vê o coração que come
O sangue espesso da melancolia.
Na boca, outro sinal de uma disputa
- Discórdia, dispersão e covardia -,
E um traço calmo buscando castidade.
No rosto todo, a usura da saudade
 



Paulo Mendes Campos

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