quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Travesseiro cadavérico


Minhas pálpebras começavam a pesar; eu me deitava no banco e cochilava. O vento apagava as velas e u ficava sozinho no escuro, com o cadáver. Certa vez esqueci de levar meu travesseiro de palha. Não podia ir à minha casa porque estava chovendo e eu não queria acordar a minha mulher, de modo que, perdoai-me por dizer isso, peguei o corpo e coloquei-o debaixo de minha cabeça. Não é mentira; isto é tão certo quanto eu estar aqui na sinagoga.


Isaac B. Singer in "À luz das velas sagradas", Do Diário de Alguém que não nasceu e outras histórias, Editora Guanabara, 2ª Edição, pág.82

Nenhum comentário: