quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

A Confraria dos Espadas - Rubem Fonseca


Coletânea de oito contos originalmente publicada em 1998 (a minha edição é a segunda, de 2014). Eu já conhecia dois desses contos, "AA" e "A confraria dos espadas", este no livro "Os cem melhores contos brasileiros do século", selecionado por Ítalo Moriconi, e o outro provavelmente lido em alguma revista ou outra coletânea de contos.Os temas dos contos abordam a violência cotidiana, explícita ou subtendida, e o sexo em suas variações e complicações. Comparando com outros livros de contos do autor, os textos dessa coletânea são um pouco fracos, sem o vigor costumeiro de Rubem Fonseca, 

"Livre arbítrio" é um bom conto epistolar, onde a morte é tratada como um evento que se possa escolher. Surpreende um pouco o leitor, conduzindo a narrativa de forma segura a um final não previsível.

"Anjos das marquises" é, no meu entendimento, fraco e previsível, quase uma adaptação de lenda urbana.

"A festa" desperdiça muito papel com a descrição de uma festa de aniversário de um membro da alta sociedade, aparentemente preparando para o desfecho do conto, mas o autor não foi bem sucedido. O tema da morte poderia ser melhor aproveitado.

"O vendedor de seguros" quer surpreender o leitor pela profissão do personagem principal, mas falha na realização.

"AA" é outro conto que gasta muito papel com a vida no Pantanal, escondendo tanto o tema principal do conto - os anões - que quando revelado frustra o leitor.

"À maneira de Godard" é um longo conto desenvolvido como uma peça de teatro, um "Romeu e Julieta" moderno, às avessas, que se odeiam e têm uma ojeriza particular ao órgão sexual do sexo oposto e acabam superando esses obstáculos.

"A confraria dos espadas" aborda um clube secreto cujos membros conseguem ter orgasmos múltiplos sem ejacular e os problemas sociais disso decorrentes.

"Um dia na vida de dois pactários" é um conto curtinho sobre um casal que faz um "pacto de incêndio" contra "esse espaço de rotina cinzenta entre o nascimento e a morte que chamam vida."

José FRID

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