Havia o que se via
e o que não se via:
encobria a treva
abissal e velha dos espaços.
em frente à Farme de Amoedo e ali
a gente mal o ouvia se o ouvia.
E era então que ela súbito surgia
rindo entre os cabelos
a raquete na mão
e se movia
ah, como se movia!
E nessa translação nos descobria
suas faces solares:
o ombro
o dorso
a bunda
lunar?
estelar?
a bunda
que (sob uma pétala
de azul)
celeste me sorria.
Ferreira Gullar in Barulhos, José Olympio Editora, 7ª edição, 2013, pág.19
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