[...]
Mas e os mortos,
onde estão?
O Vinícius, por exemplo,
e o Hélio? a Clarice?
Não quero que me respondam.
Pergunto apenas, quero
apenas
fundamente
Ia cruzando a sala de manhã quando
me disseram: a Clarice morreu.
E no banheiro, depois, lavando as mãos,
lavava eu as mãos já num mundo sem ela
E água e mãos já num mundo sem ela
e água e mãos eram um enigma
de sensações e lampejos
ali na pia
É que a morte revela a vida aos vivos?
[...]
Ferreira Gullar in Barulhos, José Olympio Editora, 7ª edição, 2013, págs.22/23
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