terça-feira, 14 de março de 2017

Sentir as mãos.....

[...]Sentir os dedos e a mão de uma pessoa invisível é uma fonte de conhecimento, uma lição de sensibilidade. Sentir os outros na escuridão... Mãos suadas de medo ou ânsia... Mãos serenas, que expressam afeição. Ou ásperas, cansadas e sofridas pelo peso do trabalho. Mãos delicadas de cetim, que fazem sonhar. Neste desfile de mãos, senti o ardor dos apaixonados, a ira dos intolerantes, a aflição dos tímidos, o sorriso dos compassivos. Percebi o grande vazio dos indiferentes. [...]

Milton Hatoum in Olhar de dentro, Estadão, Caderno 2, 27 de janeiro de 2017

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