segunda-feira, 3 de abril de 2017

SATISFACTION II


Os primeiros ruídos do sol ao sair do mar a despertaram. Deixara a janela aberta para desfrutar da noturna brisa marinha. Paulinho odiava ar condicionado. Para tê-lo na cama ao seu lado, como agora, só com a janela escancarada. Tê-lo ao lado, em cima, embaixo, dentro. Repleta, saciada, levantou da cama, caminhou nua até a janela. Viu que se prenunciava uma bela manhã. Fechou os vidros e as cortinas, hora de dormir, a manhã é assunto para bebês, mães e atletas, coisas que, graças a deus, ela não era. Caminhou de volta à cama procurando suas roupas. Só achou a cueca e a camiseta dele. Vestiu-as, bom manter o cheiro dele junto a ela. Ligou o ar condicionado e puxou o lençol para si. Ele poderia ir dormir no sofá da sala, já a satisfizera. Adormeceu serenamente, ignorando o homem nu a seu lado.

O equipamento lentamente consegue resfriar o ar do quarto, que desce como um véu sobre o homem nu. O contato vai paulatinamente arrepiando cada pelo masculino até que ele desperta com um estremecimento. Abre os olhos e nada vê, só o escuro e o murmurar do ar condicionado. Tateia e percebe-se deitado na cama. Pequenos fachos de luz clareiam a cena e ele a vê ao seu lado, enrolada no lençol qual múmia egípcia. A primeira ideia que lhe ocorre é descobri-la para ele se agasalhar do frio, mas refreia suas mãos. Não seria hora apropriada para brigas depois da noite ardente que tiveram, percorrendo páginas e páginas de um Kama Sutra particular. Pressente uma ereção a caminho e encosta-se na fogosa múmia. Sente um calor gostoso percorrer seu corpo e um aroma agradável de mulher penetrar nas suas narinas. Ela, mesmo adormecida, percebe sua presença e acomoda-se ao seu corpo. Ele abraça-a e aguarda sua reação ao ativo pênis que pretende furar o lençol.

O aparelho consegue, enfim, atingir a temperatura imposta por ela, agradáveis dezoito graus e desliga-se. A pele da nádega dele se arrepia toda: não poderá esperá-la reagir. Mas dessa vez o truque do ar condicionado não irá funcionar, pensa. Está preparado e quer mais, mais.... satisfação. Levanta num pulo e com mais três vai e volta do armário com um cobertor. Joga-o sobre a cama, enfia-se sob ele e volta a encostar-se na egípcia senhora. Percebe, feliz, que a ereção manteve-se, ferramenta pronta para atuar. Abraça a mulher com o braço e a perna esquerdos e aguarda. Ela se aconchega mais, os dois corpos se amoldam, mas há ainda há trezentos fios entre eles...


(início de um conto ou romance?)

José FRID

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