domingo, 16 de julho de 2017

Homem Aranha

Estou próximo ao terminal de ônibus junto ao Metrô Vila Mariana. Uma jovem mulher atravessa a rua e passa a caminhar à minha frente. Ela é obesa, muito obesa, coxas grossas, quadris largos, pneus sólidos. Calças compridas pretas, camisa também comprida e preta. Coroando a figura, cabelos fartos e compridos até a cintura, na indiscreta cor vermelho sangue vivo. Na mão esquerda ela carrega uma pequena garrafa plástica de Coca-Cola, líquido preto em rótulo vermelho, total harmonia entre a consumidora e o produto.

Um conhecido morador de rua e cachaceiro da região vem saindo do terminal no seu gingado peculiar e cantarolando um funk. Quando se depara com a moça, perde o passo e fica mudo. Olha para ela embevecido como um escultor à sua musa. Ela vai se aproximando e ele reage aos gritos: "Mary Jane!!! Que linda! Queria ser o Peter Parker para ficar com você!!" Ela passa por ele ignorando suas palavras, a Coca balançando e espumando a cada passo. Ele continua parado admirando sua fornida deusa indo embora. Quando passo por ele, escuto-o dizer a si próprio "Queria ser o Spiderman!", engatando com a música do filme. Quem imaginaria que um sem teto fosse fã de um super-herói?    (Saudades da Mary Jane da Kirsten Dunst, gata!)

José FRID

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