No callcenter no fim do mundo
todos estão vestindo os farrapos
das roupas com que vieram trabalhar há duas semanas .
Do piso dez contamos incêndios à distância
os destroços enfumaçados dos subúrbios.
As pausas de chá são rigorosamente monitoradas
e a internet ainda está lá
mas nós estamos cansando das notícias.
Dormimos onde estamos confortáveis -
caixa das escadas, carpetes, cadeiras da cantina.
Atraso para turnos não é tolerado
embora nesta etapa poucos de nós
têm casas para onde ir.
A demanda pelo serviço é alta.
Não sei por que fiquei tanto tempo nesse trabalho
quando o mundo em que eu poderia gastar seu amplo salário
foi desintegrado -
políticos escondidos
supermercados forçados a abrir em ruas explodidas
talvez seja porque todos me dizem
que minha voz poderia ser a última que eles ouvem
talvez seja porque quase todos os chamados preocupados
lembram-me da minha mãe preocupada
ou porque falamos sobre flores amarelas,
a fome, o cheiro de tinta queimada
relembrar sobre o verão no parque.
Seu cão saiu há dois dias e não voltou
se eu tivesse morrido ele poderia ter me comido
ela diz
parece um arrependimento.
Suzannah Evans in Strix #1, via The Guardian Books, tradução livre de José FRID
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