Guardei as camisas de meu pai numa gaveta durante meses. Desde então aconteceram muitas coisas. Desde então Cláudia se foi e eu comecei a escrever este livro.
Olho agora essas camisas, estendo-as sobre a cama. Gosto de uma especial, cor azul petróleo. Acabo de prová-la, definitivamente fica pequena em mim. Olho-me no espelho e penso que a roupa dos pais deveria sempre ficar grande em nós. Mas penso também que precisava disso; que às vezes precisamos nos vestir com a roupa dos pais e nos olhar demoradamente no espelho.
Alejandro Zambra in Formas de voltar para casa, Cosac Naify, 2014, pág.133
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