[...]
Eu tinha uma namorada. E o mundo era meu.
E ela quieta, olhando meus olhos. Disparei:
- Você quer ser minha namorada?
- Era isso?
- Era.
Ela sorriu com os olhos, respirou fundo, demorou uma vida e finalmente disse:
- Quero.
E eu quieto, olhando seus olhos. E ela murmurou:
- Claro.
E eu quieto, olhando seus olhos.
E ela continuou. Sorriu de novo, o sorriso mais belo do mundo, e sem dizer nada repetiu com os olhos "quero", virou as costas e saiu caminhando na direção do grupo de garotas que esperavam na porta do cinema. E eu senti que estava afundando aos poucos no chão daquela esquina, e que o céu daquela esquina me envolvia feito um lençol negro.
Eu tinha uma namorada. E o mundo era meu.
Eric Nepomuceno in Antologia pessoal, pág.54
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