quarta-feira, 9 de maio de 2018

Naturalismo

[...] Nos meados do século XIX, a ciência fez novos progressos e as ideias mecanicistas voltaram a estar na moda. Dessa vez, porém, vinham de outra parte - não da física ou da matemática, mas da biologia. A teoria da evolução teve o efeito de reduzir o homem, da estatura heroica a que os românticos haviam procurado exaltá-lo, ao aspecto de um animal indefeso, mais uma vez minúsculo dentro do universo e à mercê das forças que o circundavam. A humanidade era o produto acidental da hereditariedade e do meio ambiente, em cujos termos se tornava explicável.  Esta doutrina chamou-se, em literatura, naturalismo, e foi posta em prática por romancistas como Zola, que acreditava serem idênticas a composição de um romance e a realização de um experimento de laboratório: bastava apenas fornecer às personagens um meio ambiente e uma hereditariedade específicos e depois acompanhar-lhes as reações automáticas. E por historiadores e críticos com Taine, que asseverava que serem a virtude e o vício produtos de processos automáticos, tanto quanto álcalis e ácidos, e que buscava explicar as obras-primas com estudar as condições geográficas e climáticas dos países onde haviam sido produzidas.


Edmund Wilson in O Castelo de Axel, Cia das Letras, págs.31/32     

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