domingo, 20 de maio de 2018

Vai


O homem comum atravessa 
o olho de sua morte e nasce 
como nascem as aves no outono 
e os dias nos calendários. 
O homem comum há de ser comum 
entre a noite de cal e o oceano 
como se assim pudesse se alcançar 
tentativa da palavra escassa. 
O homem comum 
não se surpreende no espelho 
e nem se vê 
na imagem em que se interfere. 
Morre o homem comum 
como morrem 
as escamas dos peixes 
morre na alternativa 
de não ser mais. 



Álvaro Alves de Faria in Vagas Lembranças, um ensaio gráfico-poético:

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