quinta-feira, 26 de julho de 2018

Avó tão jovem....



Hoje, vinte e seis de julho, tornei-me avó. Jovem, jovem, culpa da minha filha. Fiquei grávida aos dezesseis, ela também quis assim, imitadorazinha barata. Culpa minha, minha máxima culpa, sempre a estimulei ficar parecida comigo, era minha bonequinha, gostava de vesti-la igual a mim. Depois de tudo que fizemos para sermos iguais, era de se imaginar que ela também queria ter filho aos dezessete. Era o que faltava, pois eu sou mãe e ela só filha. Mas a danada não ficou satisfeita com o filho, a mesma idade, quis me imitar em tudo. Tudo! Tinhosa, armou tudo nas minhas costas. Eu, trinta e quatro anos e já avó.

Quem vê nós duas juntas diz que somos irmãs ou primas. Ela se veste com minhas roupas, imito o comportamento dela e de suas amigas. Sou um pouco infantil, reconheço, ela muito madura. Ela é um pouquinho mais alta, nada que um saltinho não resolva. Cintura igual, boca igual, iguais olhos, sobrancelhas, cabelos. Trocamos roupas, sapatos, lingeries. Temos o mesmo timbre rouco sexy da Débora Seco. Sucesso com os homens, inveja nas mulheres.

Meus seios são iguais aos delas. Não, os delas que são iguais aos meus, nasci primeiro. Pequenos, duros, bicudos. As nádegas são um pouco diferentes, meu bumbum é mais durinho, empinado, muito exercício. Ela é preguiçosa, mas uma calcinha justa resolve. Na hora do vamos ver, do rala e rola, como perceber a sutil diferença? Só sendo viado. O ventre e a depilação também são quase os mesmos, não dá para saber quem é quem. Só se Jorge fosse viado.

Tudo igual, mas tenho que reconhecer uma diferença entre nós: ela é muito mais inteligente, esperta e determinada do que eu. Nunca teria condições de imaginar essa situação, armar o que ela fez, de levar até o fim o plano maluco, tudo para ser igual a mim. Tadinha, tudo culpa minha, mexi com sua cabeça com minhas histórias, seu nascimento, a emoção de ser mãe muito nova...

Jorge, coitado, não teve qualquer chance! Eu dormindo, já era tarde, ele chegando bêbado do jogo das terças, ela com o bote armado, se oferecendo na penumbra, dócil, sedenta, com minhas roupas, meu perfume. Como ele poderia saber que estava transando com uma e não com a outra? Nunca!

Foi com imensa alegria que ela contou que estava grávida. E eu não pude falar nada, fui mãe aos dezessete, que exemplo diferente poderia dar para ela?

Ela se sente realizada, pensa que agora está igual a mim em tudo: mãe aos dezessete de uma menina que também é filha de Jorge, seu pai. Vendo seu rostinho feliz  com o neném, não tenho coragem de contar-lhe que ela é fruto de um carnaval na praia e que Jorge só apareceu na minha vida muito depois....



José FRID

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