Lena, também belga, sempre e felizmente escapava por pouco de ser um tipo que no inglês americano (às vezes chamado "gíria") recebe um nome bem-definido. Lena tinha os atributos de um mulherão. E, contudo, graças a La Misère, uma determinada personalidade indubitável foi sendo, aos poucos, consumida. Um rosto duro e comprido, sobre o qual foi livremente lançado um pouco de cabelo cor de feno. Mãos extenuadas e mutiladas. Um jeito solto e rouco de rir, que contrastava muito com o risinho abafado e gorgolejante de Celina. Energia em lugar de vivacidade. Um poder e uma aspereza caracterizavam sua risada. Ela nunca sorria. Sempre ria ruidosa e obscenamente. Uma mulher.
E.E.Cummings in A cela enorme, Editora UFPR, tradução de Luci Collin, pág.117
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