segunda-feira, 10 de junho de 2019

Orgulhosa de juventude....

[...] Cedeu passagem recuando o corpo, e senti que me observava. Por vaidade, contraí as nádegas e alteei o queixo. Por vaidade. Foi assim que penetrei naquele lugar, com o coração ainda escuro - ainda sem nódoa.

O gabinete era amplo , e prateleiras repletas de livros enchiam o ambiente. Numa parede sobre a qual se aplicara um papel de um bordô muito profundo, dominava essa pintura a óleo, de cores bastantes tênues: uma mulher, jovem, trazendo ao peito um colar de pérolas. Senti que o homem ainda observava. E, orgulhosa de juventude, ainda mais contraí as nádegas, fingindo observar o retrato.

Cíntia Moscovich in Arquitetura do arco-íris, Record, pág.70

Nenhum comentário: