quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Surpresa metroviária...

Metrô,  linha 4, oito horas.  Ela está recostada na porta do lado oposto, que não será aberta até o final da linha, apoiando-se nos braços cruzados para trás. 

Sapatos pretos, meias de seda preta, calça preta, camiseta preta com detalhes em renda preta.

Um rosto quadrado, forte, ornado por grossas sobrancelhas pretas e cabelos pretos penteados para trás e presos. 

Um fio  branco sai do ouvido direito e submerge no decote da camiseta. 

Ela está com a cabeça levemente reclinada para baixo, olhos semicerrados,  como se estivesse concentrada num pensamento ou numa lembrança, fazendo algum esforço  ou contendo alguma dor...

Formal e séria, num átimo levanta a cabeça,  olhos pretos abertos, lábios entreabertos, ela deixa escapar uma bola branca de chiclete que, ao alcançar sua dimensão máxima,  explode sonoramente...

Olhos pretos, castanhos, mel, azuis, verdes são surpreendidos e voltam-se para o local da explosão,  ainda em tempo de ver um sorriso matreiro absorver o plástico rasgado e recomeçar a mastigação rumo à uma bola maior e mais sonora....

José FRID

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