Metrô, linha 4, oito horas. Ela está recostada na porta do lado oposto, que não será aberta até o final da linha, apoiando-se nos braços cruzados para trás.
Sapatos pretos, meias de seda preta, calça preta, camiseta preta com detalhes em renda preta.
Um rosto quadrado, forte, ornado por grossas sobrancelhas pretas e cabelos pretos penteados para trás e presos.
Um fio branco sai do ouvido direito e submerge no decote da camiseta.
Ela está com a cabeça levemente reclinada para baixo, olhos semicerrados, como se estivesse concentrada num pensamento ou numa lembrança, fazendo algum esforço ou contendo alguma dor...
Formal e séria, num átimo levanta a cabeça, olhos pretos abertos, lábios entreabertos, ela deixa escapar uma bola branca de chiclete que, ao alcançar sua dimensão máxima, explode sonoramente...
Olhos pretos, castanhos, mel, azuis, verdes são surpreendidos e voltam-se para o local da explosão, ainda em tempo de ver um sorriso matreiro absorver o plástico rasgado e recomeçar a mastigação rumo à uma bola maior e mais sonora....
José FRID
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