domingo, 23 de fevereiro de 2020

O outro homem da mulher que amo


O outro homem da mulher que amo,
há nele as minhas marcas que são dela
e sempre encontro indícios dele quando
ela se despe e se abre e posso tê-la.

No corpo dela, o gotejar frequente
de nós, formando sulcos, vias, trilhas,
dentro da noite em que ela se oferece,
não deixa que nos sobre alternativa:

eu sigo os mapas dele, acrescentando
ao já sabido as minhas descobertas,
e ele me segue na mulher que amamos.

Pois tanta variante há no caminho
que – ou dois ou nada – um de nós apenas
não vai sobreviver nela sozinho.

Miguel Mararvilla in Tanto amar, p. 17.

Nenhum comentário: