domingo, 16 de fevereiro de 2020

Pragmático?

(Continuação de "Pragmatismo" - ver em 05/02/2020)
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- Por que só os jovens podem dispor de corpos jovens? Por quê?
- Boa pergunta! Precisamos de outra cerveja. Garçom! Uma Original agora!

Um bar próximo de uma faculdade, sexta à noite, dois professores doutores conversando. Têm quase cinquenta anos, casados, três filhos um, dois o outro.

- Antigamente não era assim. Veja em Machado de Assis, moças de quinze anos com homens com quase quarenta anos. Charles Dickens, com cinquenta e oito, trocou mulher e dez filhos por atriz de dezoito anos. Ela uma graça, ele velho, careca e barrigudo. Nâo deixou de ser um ilustre e querido escritor.
- Mas... Por que mesmo estamos falando desse assunto?
- Estou numa enrascada, envolvido com um corpo jovem, 18 aninhos....
- Você? Alguma aluna? Copiando o reitor?
- Não, não é da escola. Ela trabalha numa loja perto do campus.
- Meu amigo papa-anjos! Quem diria! Caçando fedelhas pelo bairro.
- Caçando nada. Nem sei como aconteceu, tudo foi tão rápido. Um sorriso, umas conversas, quando vi já estava pagando o apartamento dela...
- Então é sério! Largou a Cecília para ficar com a ninfeta??
- Não, você não entendeu nada. Só tô pagando.
- E comendo, não? Conte-me tudo, principalmente os detalhes sórdidos!
- A coisa é simples: um homem, uma mulher, desejos e só.
- Mas como uma ninfetinha foi dar bola para um velho careca e barrigudo?
- Velho não, quarenta e cinco anos só. Tô bem conservado. Pergunte para ela.
- É puta?
- Não! Moça de família, trabalhadora.
- Mas aceita seu dinheiro...
- Não é isso. Ela dividia o apartamento com duas colegas, que deram para trás. Não consegue bancar sozinha, fiquei com pena e estou ajudando a menina.
- Safado! Se aproveitando de uma menina inocente.
- inocente é exagero, muito esperta. Não sei quem se aproveita de quem.
- Tá valendo a pena?
- Tá. Tô revigorado. Tava mesmo precisando de uma coisa assim.
- Bonita? Gostosa? Boa de cama?
- Talvez. O conjunto é que importa. Tinha esquecido como é uma pele jovem, macia, firme, lustrosa. E uma bundinha dura, empinadinha, peitinhos durinhos, olhando pra mim, que cabem na mão. Ela é uma máquina do tempo, me leva direto aos meus vinte anos, ao tempo da faculdade, às estudantes, às festas....
- Melhor que Cecília?
- Não sei, não dá para comparar. Cecília é uma mulher completa, não é só o corpo. É o meu presente, o futuro. A menina é o passado. Quero as duas.
- Mas com toda a sua empolgação,  a menina pode ser o seu futuro...
- Tenho vinte e sete meses para decidir.
- Por que vinte e sete?
- O contrato de aluguel, trinta meses. Já se passaram três meses.
- É foda, amigo. Uma enrascada deliciosa, mas complicada. Como aconteceu?
- Cecília pediu uma forma de pudim. Na loja tinha dezenas de tipos. A menina mostrava uma, eu tirava foto e mandava para a Cecília...
- Então ela sabia que você era casado! Safadinha!!
- Ela tinha que abaixar e pegar cada forma, depois devolver, pegar outra. A camisetinha subiu e mostrou seu umbigo com um piercing com três estrelinhas, uma no buraquinho e duas penduradas em correntes. Uma graça. Perguntei se tinha doído, ela respondeu que não, mas os dos seios foram dolorosos. Colou a camiseta no corpo, apareceram uma barrinha com duas bolinhas em cada bico. Rapaz, aqueles seios duros, apontados para mim, quase perdi a cabeça. Fui salvo pelo zap da Cecília mostrando qual forma comprar. Tudo podia ter parado aí se Cecília não me mandasse voltar lá para trocar a forma por outra e mais  outra, comprar uma escumadeira, etc., nisso vi uma tatuagem no cóccix, ela disse que tinha outras, conversa vai, conversa vem, o estrago estava feito.
- Então a Cecília é que é culpada do seu namorico?
- Culpa concorrente! Se eu não tivesse que voltar várias vezes à loja...
- Safado! Mas é isso, meu amigo, cai dentro, mas não esqueça a camisinha!

JOSÉ FRID

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