um dia, nos setenta:
cheguei da rua
carregando uma maçã
e seis meses de desemprego.
li uma carta de minha mãe
fechei as janelas
a porta, a cara
deitei-me no chão
e abri o gás.
esperei.
e, somente meia hora depois,
descobri o gás cortado
por falta de pagamento.
levantei-me
e comi a maçã:
nu e louco
como o quadro da bienal.
Marçal Aquino
Nenhum comentário:
Postar um comentário