Encontrei um amigo que não via há cerca de cinco anos. A última vez deve ter sido no parque ou em uma festinha das crianças, aniversário, comemoração da escola, essas alegrias ......
O reencontro foi festivo e agradável. Conversa vai, conversa vem, acabei perguntando pela sua mulher e filhos. Ele ficou surpreso e perguntou se eu não sabia da separação deles. Disse que não e lamentei o fato, mas ele falou que não tinha problema, que o casamento estava desgastado e que os dois acharam melhor se separarem antes que a coisa piorasse. Concordei com ele que era melhor separar numa boa do que manter um casamento fracassado.
Ele completou dizendo que tinham ficado amigos, ela casara novamente – que rápido, pensei – e eles se visitavam, ele com a namorada, ela com o marido (moderno, não?). Brinquei que assim iam surgir outros filhos nos dois casais. Falou que a ex-mulher não podia ter filhos pois ligara as trompas quando nasceu a segunda filha, mas que ele, quem sabe, a namorada estava naquela idade que as mulheres querem ter filhos, e ele, enfim, tinha encontrado a mulher da vida dele. A mulher da vida dele, repetiu.
Se a namorada é a mulher da vida dele, que mulher seria (ou teria sido) a esposa de quinze anos de casamento? Apenas aquela que esquentou a cama enquanto não chegava a mulher da vida dele? Mera reprodutora dos filhos dele?
Será que ela, a ex-mulher nunca tinha sido a mulher da vida dele? Nem quando resolveu casar? Casou porque então? Ou ele, cara de sorte, achou duas mulheres da vida dele? Ou seria o caso de ter-se duas vidas, logo uma mulher especial para cada vida?
Isso me lembrou outro amigo, que se separou alegando que, em trinta anos de casamento, não se lembrava de um dia de felicidade sequer. Trinta anos dão 10.950 dias. Nenhum desses quase onze mil dias foi feliz!! Pode?
Como é que alguém consegue viver onze mil dias seguidos sem ser feliz em nenhum deles? Não dá, né? Tantos dias infelizes certamente resultariam num tiro na cabeça, num pulo do Edifício Itália – trigésimo andar por favor, um para cada ano de infortúnio –, num salto na frente do Metrô na estação Paraíso. Se nada disso aconteceu, por onde andaria tanta infelicidade?
Tá na cara que isso é uma desculpa esfarrapada! Faltou hombridade para ele assumir que arranjou outra (mais nova, certamente), ou que se deu conta que o tempo está passando e que precisa “aproveitar a vida” (tema de futura crônica), ou que quer cair na farra junto com outros amigos separados, tem tanta mulher sobrando, etc. e tal.
E o pior é que a abandonada se culpou de tanta infelicidade: “Onde eu errei? “Será que ele não ficou feliz nem com o nascimento dos filhos?” “Quando compramos nossa casa?” “Naquela viagem à França?” .........
Esses homens.
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