Colocando em português claro:
1. Todo mundo sabia (menos o presidente, é claro!) que o aeroporto de Congonhas tinha problemas que punham em risco a segurança dos usuários: Aeronáutica, ANAC, INFRAERO, empresas aéreas, etc.;
2.Todo mundo sabia (menos o presidente, é claro, que estava viajando) que era necessário fazer obras em Congonhas para aumentar a segurança dos pousos e decolagens;
3. Todo mundo sabia (menos o presidente, que tem mais com que se preocupar, é lógico) quais as obras que deveriam ser feitas e as providências que tinham de ser tomadas em Congonhas para aumentar a segurança dos pousos e decolagens;
4. Como todo mundo sabia (menos aquele cara que nada sabe mas todo mundo sabe quem é), mas ninguém tomava providências por que elas poderiam ferir interesses poderosos de poderosos da República, e quem mandava podia perder sua "boquinha" no governo, adotou-se a Técnica Lullista de Administração Pública: empurrar com a barriga até que o problema se resolva por si só ou a imprensa esqueça;
5. Assim, todo mundo estava feliz, nos seus carguinhos, com seus poderes, com suas benesses, com seus $$$$. ... (inclusive o presidente, que isso ele sabe: aproveitar das benesses do cargo, aviãozinho para lá, aviãozinho para cá, um palanque aqui, outro acolá) até que ...;
6. Até que o Ministério Público soube dos problemas e entrou com ação pedindo o fechamento de Congonhas para os vôos inseguros, etc. e tal, enfim, pedindo para se colocar ordem no aeroporto em prol da segurança de seus usuários;
7. Pronto! Aqueles interesses poderosos, que seriam contrariados, puseram toda a máquina governamental em ação contra esse absurdo: privilegiar a segurança em detrimento dos $$$$. Fuça daqui, procura dali, acharam uma norma interna da ANAC (bonito nome, como burocrata gosta: IS-RBHA 121-189) que resolvia o problema da pista. Foi fácil achar a norma porque todo mundo já sabia dos problemas e das soluções (veja item 3 acima). Mas tinha um detalhe, pequeníssimo detalhe: ela não estava aprovada pelo corpo técnico e pela diretoria da ANAC. Por que não? Ver item 4 acima: quem seria louco de aprovar restrições aos pousos e decolagem de Congonhas? Todos tinham família para cuidar!
8. Como era apenas um detalhe, um detalhezinho, levaram a norma para a desembargadora: "Taqui, ó, excelência, veja a nossa regra: a gente não deixa avião com reverso "pinado" descer em Congonhas quando está chovendo. É tudo implicância do MP". A desembargadora, diante de tal norma, imposta pelo órgão técnico que regula (ou deveria regular) a aviação brasileira, liberou o aeroporto.
8. E tudo voltou ao normal. Todos felizes, nos seus carguinhos, com seus poderes, com suas benesses, com seus $$$$. ... (inclusive o presidente, que tem mais o que fazer) até que ...;
9. Até que em 17 de julho de 2007, uma tardinha chuvosa, o piloto de um avião com o reversor "pinado" resolveu descer em Congonhas e vocês sabem o resto todo. Tudo porque ele desconhecia a norma, que evitaria a tragédia. E por que ele desconhecia a norma? Acredite se quiser: passado mais de seis meses, a diretoria da ANAC ainda não tinha aprovado a norma!!!!!! E por que não tinha aprovado a norma??? Quem seria louco de contrariar interesses poderosos?? Melhor aplicar a Teoria Lullista de Administração Pública, empurrar com a barriga .....
Deixo para vocês decidirem:
- Ocorreu o assassinato de quase 200 pessoas??
- A culpa pela não aprovação é da diretoria da ANAC ou não?
- A culpa do acidente é do piloto que não consultou o site da ANAC onde constava a norma não aprovada?
É UMA VERGONHAA!!!
JOSÉ FRID
2 comentários:
Negligencia com recomendações de segurança de voo, de operação da aeronave e de manutenção.
A morte de seres humanos causada por esta conjunção de fatores deve estar prevista em algum lugar como CRIME.
ANAC+INFRAERO+FAB= GOVERNO + TAM.
Eles vão fazer tudo para se safar de mais essa, e o pior e' que isso não me espanta pois afinal canalhice vinda daquele lado e' o que não falta.
Um abração. Ricardo.
Exatamente!! E o Nelson Jobim preocupado com o espaço para as perninhas dele!!
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