sábado, 27 de outubro de 2007

Em tempos de Capitão Nascimento, é hora de perguntar: a culpa é da droga?




Sonho americano, pesadelo carioca

(NELSON MOTTA - Folha de São Paulo)



RIO DE JANEIRO - O capitão Nascimento ficaria surpreso: o Departamento de Polícia de Nova York admite que, apesar de seus esforços, a cidade é a maior consumidora de drogas do mundo. Mas a criminalidade e a violência urbana - sob controle de uma força policial eficiente, honesta, bem paga e aparelhada- só diminuem.


Sim, é possível. Apesar do poder do tráfico, que disputa o abastecimento de tão rico mercado, não há balas perdidas nem guerras de quadrilhas, nem infiltração no aparelho policial e judiciário, nem tortura e impunidade. Ninguém diz que, se os nova-iorquinos parassem de consumir drogas, a criminalidade acabaria. Eles viveram a experiência da Lei Seca, quando o crime se organizou a partir da indústria clandestina de bebidas.


Desde a histórica campanha "Tolerância Zero", do prefeito Giuliani, nos anos 90, que começou com uma implacável limpeza na polícia, os índices de criminalidade violenta despencaram em Nova York, apesar do crescimento do tráfico de drogas. Mas os roubos, assaltos, homicídios, estupros e seqüestros caíram drasticamente, e Giuliani foi reeleito com apoio até da oposição.


A polícia de Nova York persegue traficantes e consumidores, não aceita subornos, denuncia e pune com rigor seus desvios e violências, assume as suas responsabilidades e faz o que tem que ser feito, para o que são pagos: garantir segurança e liberdade aos cidadãos.


Enquanto isso, no Rio, dizem que o tráfico é a origem de todos os males que assolam a população. Parece até que se ele acabasse a cidade voltaria a ser o paraíso tropical dos anos dourados. Mas, se o "movimento" acabasse, eles não venderiam doces: seriam legiões de bandidos desempregados e armados descendo sobre a cidade indefesa. Sofia não teria pior escolha.


E AGORA: GIULIANI OU CABRAL?

Será que no Brasil dá para implantar um sistema de "Tolerância Zero"? Sobraria algum político? Algum policial? Algum empresário? Num país leniente com tudo de irregular e de moralidade duvidosa, de tolerância máxima (Desde o presidente que nada vê até o cidadão que suborna o guarda de trânsito, filho presidencial de incrível sucesso, mensalistas, dólares na cueca, aloprados, dinheiro guardado em casa(!) por políticos e autoridades, políticos pecuaristas de incrível sucesso, desvios de verbas em ONG's e sindicatos, licitações fraudadas, compras superfaturadas, sonegação fiscal, contrabando, bicheiros, bingos, pirataria de tudo, camelôs de produtos falsificados e/ou contrabandeados, que a população compra com grande alegria, falsificação de leite, bebidas,etc.), como falar em "tolerância zero"? 



José FRID

3 comentários:

Anônimo disse...

Frid, infelizmente, o tolerância zero é obstado pela própria Justiça que teroiza em demasia a questão de como deve ser a autoridade policial !

Anônimo disse...

Acabo de ler suas observações, Frid, e não consigo me calar mediante suas argumentações,
Sim,temos um problema, muito grande, aliás, imenso, que é a total ausëncia de reação. Nós, seres pensantes, de médio QI, não toleramos mais o que está acontecendo, como muitos outros seres pensantes. Não quero aqui fazer nenhuma apologia à inteligëncia, mas sim à sensibilidade. Vivemos em um mundo onde todos estão cansados, não querem mais lutar, as pessoas estão desacreditadas de que algo possa mudar, melhorar. Estamos em uma época, onde o bem e o mal estão claramente se distanciando (ainda bem!) e muita coisa deve mudar. Devemos fazer nossa parte, é o que penso. Cada um de sua maneira e já estaremos contribuindo para um mundo melhor e mais justo. Nossa união é muito importante, pois aqueles que pretendem o mal estão muito unidos!!!!!!!!!!!
Conte comigo!
Cris

Anônimo disse...

O tema é difícil, particularmente para mim. Na rua onde moro (já citei em outra oportunidade) há pelo menos três bocas de tráfico. Não olho nem mexo com ninguém. Não paro na calçada ou na frente da casa por tempo maior que o necessário para entrar e sair com o carro. Apesar disso, em várias oportunidades foram importunar a mim e aos membros da família, depredaram a residência e sofremos ameaças. Então parei de fingir que não vejo. Denuncio tudo e todos. O único problema é que sou sozinho na tarefa, já que os demais moradores estão envolvidos de uma ou outra forma (filhos, netos, etc.) e, por incrível que pareça, não vão me apoiar. Nem sabem o trabalho que faço.

Se em NY a violência diminuiu, mas o tráfico de drogas não, pode ter certeza que a mágica policial se chama propina. Com certeza há um acordo bem democrático entre as autoridades públicas e as do crime (às vezes não há diferença entre estas): faça o seu comércio de drogas, mas mantenha a ordem e acerte no final do mês.

No Rio, se o tráfico for deixado solto ou até ser legalizado, com certeza será para atender à demanda. Como diz o carioca, "me engana que eu gosto", mas o turismo é a principal mercadoria no Rio porque está associado ao uso de drogas, assim como no Nordeste a mercadoria principal do turismo é o sexo.

E se pareço radical nas opiniões, pode ter certeza que é apenas porque conheço agora muito bem o tema.