Funerária
"Toca o telefone. É uma voz meio fanhosa, pouco clara, e custo a entender o que diz. Peço ao homem para repetir. Ele fala, mas um barulho de fundo atrapalha a compreensão. Pesco uma ou outra palavra, e solicito que repita mais uma vez:
- Estou ligando para oferecer um plano funerário.
Explico que já tenho um, por conta da empresa. Ele insiste:
- Mas é para toda a família.
Agradeço e ele se despede.
- Boa Páscoa e desculpa, tá?
Fico imaginando. O sujeito tem uma voz enrolada, trabalha no telemarketing de uma empresa funerária e tem que ligar na Páscoa oferecendo seu serviço. Já vi empregos melhores."
Mauro Ventura do Globo On Line
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