Sebastião, Sebastiana
Na primeira crônica dessa série (leia aqui) contei que dois amigos não se chamavam Sebastião, mesmo nascendo no dia do santo, uma grave negligência religiosa. Fugiram do "Tião"!
Uma amiga leitora confessa que nasceu no mesmo dia e como escapou da desdita:
"Acho que você tem razão... afinal eu também nasci em 20 de Janeiro e não me chamo "tiana" (Sebastiana). Escapei graças ao meu bondoso pai, que no caminho do cartório resolveu não fazer o que minha mãe havia mandado, e de Sebastiana me tornei Vilma!"
Lúcido esse pai! Vale ouro!! Ela escapou no último segundo!
Por outro lado, a irmã de outra amiga leitora, mesmo nascendo 19 de janeiro, foi batizada como Sebastiana. Sina é sina, ninguém escapa. Ocorre que ela nasceu muito doente, fraquinha, e a mãe com medo de perder a criança fez promessa para o santo do dia seguinte. Vingou mais uma Sebastiana, que odeia o nome, sempre ocultado. Agora ela se chama Tim, do famoso Sebastião, o síndico.
Outra leitora amiga destaca solução elegante para a questão religiosa:
.... Mas tem o lado chic: SEBASTIAN ou Jean SEBASTIAN (do Bach, mesmo). Que charme, não? Há muito tempo tinha uma boate em SAMPA, que assim chamava. E, conforme contam, era o must. O cachorro da minha amiga americana (mora em SFRANCISCO/CA) era SEBASTIAN, nome gostoso de berrar. Infelizmente, morreu atropelado, tadinho.
Mas...você tem toda a razão: Sebastião, se não for doutor, está para TIÃO, assim como Chico está para Francisco. Bom, digamos que .... tal como Jean SEBASTIAN Bach, há o charme do Chico - Buarque de Holanda - claro, né.
Eu já tinha pensado em Sebastian, que em português não dá para abreviar: ninguém vai chamar o cidadão de "tian", nem vai ter intimidade para converter para "tião". Enfim, é uma boa solução teológica, pois concilia as obrigações religiosas com as necessidades mundanas. Porém, chamar cachorro de Sebastian já é demais!!
Recentemente li sobre o "João Sebastião Bar" numa crônica da Márcia Denser, na qual ela dizia que seus pais o frequentavam, templo da MPB. Foi lá que o Chico Buarque cantou as primeiras vezes em público e conheceu Gil e Caetano.
Por falar nisso, Francisco padece do mesmo problema de Sebastião: se não for "doto" vira Chico na hora. Assim como José torna-se Zé, apelido de otário nas palavras do meu pai. Entretanto, alguns "chicos" não são qualquer um: Chico Buarque de Holanda! Ou Chico Science!
A mesma amiga completa:
Chico é Chico, não é qualquer chico. Eta turma da pesada, do bem, claro: Chico, Gil, Caetano. Nomes iluminados, só nomes, abreviados ou não, e sem sobrenomes.
Agora. Tem nomes, tal como Sebastian, ou mesmo Caetano, que não admitem abreviações. Eles têm porte e sonoridade marcantes. Não admitem ser encolhidos.
Atenção pais, a dica é essa: escolher nomes que não admitem encolhimento!
Um amigo leitor (chega de amigas, não?), um daqueles que deveria ser chamado de Dr. Sebastião, especula sobre o nome que a irmã dele deveria ter, nascida no dia de Santo Antão. Ainda bem que a mãe dela ignorou o santo!
Ele conta história familiar, na qual impera o famoso jeitinho brasileiro:
Meu tio Jair, quando foi ser batizado, teve o nome recusado pelo padre.
- Por que? perguntou minha avó.
- Simples, minha senhora. Ele nasceu em dia de Santo Antonio, logo tem que ter Antonio no nome dele.
Minha avó, perplexa, disse que não iria mudar os documentos da criança, já registrada, que o nome dele não ia ser alterado e que portanto iria batizá-lo numa igreja evangélica. O padre deu logo um jeito:
- Minha senhora, vá até a secretaria e coloque Antonio depois do nome Jair: Jair Antonio. Ele não precisará mudar o nome no cartório, é apenas aqui para a Igreja.
E a criança foi batizada na igreja católica.
Conclusão: Além da negligência religiosa, um pitada de "jeitinho brasileiro".
Essa história me fez lembrar lenda familiar contada pelo meu pai sobre meu tio-avô. Segundo a lenda, meu bisavô foi ao cartório registrar o seu filho mais novo, que acabara de nascer.
O dono do cartório perguntou qual era o nome da criança.
- José Domingos de Souza, disse meu bisavô.
- Mas o senhor já tem outros filhos com o mesmo nome. Não pode registrar assim.
- É um nome bonito, nome de homem macho. Vai ser esse mesmo!
- Não pode! Será o quarto filho com o mesmo nome!!
- Já registrou três, que mal faz registrar o quarto?
- Não registro, a lei não permite.
- Então a criança vai ficar sem registro. Ou é José Domingos de Souza ou nada. Passar bem!
O menino ficou sem nome oficial por uns dois anos, era conhecido como o irmão dos outros. Como a cidade era pequena, o meu bisavô e o dono do cartório viviam se esbarrando, o Oficial sempre cobrando o registro da criança.
Conversa vai, conversa vem, acabaram acertando e o menino virou "José Domingos Irmão"!
Durma-se com um barulho desses!!!
José FRID
2 comentários:
Olá, meu caro, q deve estar, no sapatinho", q acabei de escutar na "Qual É", do D 2.
Mas o q o fez, de fato, ficar nestas lembranças de nomes, foi só a história do Samarone ou teve algo mais?
Falar em nomes estranhos, trabalhando onde estou agora, de qdo em qdo, deparo-me com umas pérolas daquelas. Já foram tantas, q nem me lembro, mas tem uma q não
me sai da cabeça: Eclimedia. Já ouviu isto? Os pais não deviam estar de muito bom humor não.
Ah, qto ao meu nome, o Maria, só os mais chatos me chamam por ele, mas não esperem q eu atenda, pois não atendo não, já q, pra começar, só em casa tem, hoje 4, comigo.
Eram 5, pois a Maria Madalena faleceu.
Bem, aquele abraço,
Z.
Maria
O que provocou as crônicas foi São Sebastião.
Um abraço
FRID
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