então é isso
quando achamos que vivemos estranhas experiências
a vida como um filme passando
ou faíscas saltando de um núcleo
não propriamente a experiência amorosa
porém aquilo que a precede
e que é ar
concretude carregada de tudo:
a cidade refletindo para sua hora noturna e todos indo para casa ou então
marcando encontros improváveis e absurdos, burburinho da multidão circulando
pelo centro e pelos bairros enquanto as lojas fecham mas ainda estão iluminadas,
os loucos discursando pelas esquinas, a umidade da chuva que ainda não passou,
até mesmo a lembrança da noite anterior no quarto revolvendo-nos em carícias e
expondo as sucessivas camadas do que tem a ver – onde a proximidade dos
corpos confunde tudo, palavra e beijo, gesto e carícia
TUDO GRAVADO NO AR
e não o fazemos por vontade própria
mas por atavismo
Claudio Jorge Willer nasceu em São Paulo no dia 2 de dezembro de 1940. Além de poeta, é ensaísta e tradutor. Ligado à geração beat, é Doutor em Letras na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa. Publica ensaios em jornais como Jornal do Brasil e Jornal da Tarde e nas revistas Isto É e Cult. Publicou em poesia Anotações para um apocalipse (1963), Dias circulares (1976), Jardins da Provocação (1981),Estranhas Experiências (2004) e Outros Silêncios (2009).
Nenhum comentário:
Postar um comentário