segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Blusa Amarela


Do veludo de minha voz

Umas calças pretas mandarei fazer.

Farei uma blusa amarela

De três metros de entardecer.

E numa Nevski mundial com passo pachola

Todo dia irei flanar qual D. Juan frajola.

Deixai a terra gritar amolengada de sono:

"Vais violar as primaveras verdejantes!"

Rio-me, petulante, e desafio o sol!

"Gosto de me pavonear pelo asfalto brilhante!"

Talvez seja porque o céu está tão celestial

E a terra engalanada tornou-se minha amante

Que lhes ofereço versos alegres como um carnaval

Agudos e necessários como um estilete pros dentes.

Mulheres que amais minha carcaça gigante

E tu, que fraternalmente me olhas, donzela.

Atirai vossos sorrisos ao poeta

Que, como flores, eu os coserei

À minha blusa amarela!



(1913)


Vladimir Maiacovski in "Antologia Poética", tradução de E. Carrera Guerra, Editora Max Limonad Ltda., segunda edição, 1983


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5 comentários:

Anônimo disse...

Olá, amigo!
Quando tu terminares de confeccionar tua blusa amarela, mande um pedaço do pano para que eu possa fazer a minha.
Valeu, linda.
Beijos no teu coração.
M.

Metamorfose Ambulante disse...

Você quer amarelo entardecer ou amarelo raiar do sol?

FRID

Anônimo disse...

Assim é bom começar a semana!

R.

Metamorfose Ambulante disse...

Sempre às ordens!

FRID

Anônimo disse...

Oi, amigo!
Com certeza a que ficares linda nesta menina-moça, ha,ha,ha,ha.
Beijos.