Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
Lulla não deu atenção ao seu próprio aviso e embarcou no mensalão. (Ou melhor dizendo, regalou-se no mensalão)
"Favor conferir o troco na hora; não aceitamos reclamações posteriores".
Fiz que nem o Lulla: não dei atenção ao aviso, nítido, grande, ali na minha cara, mas, ao contrário do homem, fiquei no prejuízo. (Elle deu a volta por cima, pois tirando os picaretas, o resto é pusilânime)
Quase seis horas da tarde. Tinha almoçado cedo por causa do curso. Resolvi fazer um pit-stop para quebrar o jejum e aguentar até às nove, hora estimada para o jantar. Coisa básica: uma empadinha e Coca Zero, a preferida pelos gordos.
Padaria de esquina, jeitosa, mas longe da suntuosidade das paulistanas mais modernas. Entrei no salão, poucas pessoas, salgadinhos na vitrine. Sentei no tamborete, o atendente veio solícito perguntar o que eu desejava. Empada e refrigerante servidos, ele coloca um papelucho na minha frente com algumas garatujas.
Satisfeito, levanto-me e sigo para o guichê do caixa com a comanda e a nota amarela do mico-leão-dourado na mão. Sou o terceiro da fila. O caixa está enrolado com o primeiro freguês, que confere o troco e argumenta alguma coisa que não consigo escutar. O guichê do outro lado é aberto e a mulher na minha frente a ele se dirige. Fico aguardando o desenrolar da discussão, observando as prateleiras ao redor dos caixas: cigarros, balas, chocolates e uma placa branca com letras vermelhas: "Favor conferir o troco na hora; não aceitamos reclamações posteriores". Na minha vez passo os dois papéis para o caixa junto com um "boa tarde" proferido amistosamente.
O homem lê as garatujas, fala "oito e cinquenta" e começa a fazer o troco, colocando no balcão duas moedas e uma nota de dez reais. Enquanto ele faz o troco, aquele "oito e cinquenta" ressoa no meu cérebro, que de repente avisa: "tá caro, tá errado"!
- Por que oito e cinquenta?
-Tá aqui, ó!
- Não, são seis e cinquenta; três reais mais três e cinquenta!
- Pensei que aqui era um cinco.
- Não, é três. Uma empada!
- Calma, meu senhor. Eu refaço.
Ele recolhe as moedas e a nota, depositando-as nas gavetinhas da caixa registradora. Pega a comanda, lê e vai depositando o novo troco sobre o balcão:
- Seis e cinquenta, oito e cinquenta, nove, dez.
Recolho o troco e despeço-me educadamente:
- Agora sim. Muito obrigado.
Ando umas cinco quadras a caminho de casa, distraído com as coisas e as pessoas que vejo, quando de repente o cérebro começa a berrar:outra vez: "era um mico-leão-dourado!, Um mico-leão!
Demoro mais umas quatro quadras para entender o recado cerebral: o troco deveria ser para vinte reais! Estanco na calçada. Tiro o troco do bolso e confiro: dancei em dez paus! Penso em retornar à padaria e reclamar. O cérebro pondera: o estabelecimento avisou! É, paguei um mico!
Será que o aviso na padaria é meramente preventivo ou serve para encobrir as falcatruas habituais dos caixas? Para saber, só gastando outros dez contos. Arrisco?
José FRID
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4 comentários:
Que mico, heim???
Kd o carioca "experto"? "Dançô" nessa, malandro!
Frid, agradabilíssima a crônica. E você me ensinou mais uma: garatuja.
Bjs, N.
Parabéns maravilhoso
P.
A gente tenta agradar a clientela!
Bom dia espectacular página , gostei mesmo muito, penso que poderiamos fcar amigos de blog :) lol!
Aparte de piadas sou o Richard, e assim como tu escrevo na internet se bem que o tema principal da minha página é muito distinto de este....
Eu desenvolvo páginas de poker sobre bónus grátis sem teres de por do teu bolso......
Adorei imenso o que li aqui!
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