domingo, 5 de dezembro de 2010

Esta crônica custou dez pratas!



Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou



Lulla não deu atenção ao seu próprio aviso e embarcou no mensalão. (Ou melhor dizendo, regalou-se no mensalão)

"Favor conferir o troco na hora; não aceitamos reclamações posteriores".


Fiz que nem o Lulla: não dei atenção ao aviso, nítido, grande, ali na minha cara, mas, ao contrário do homem, fiquei no prejuízo. (Elle deu a volta por cima, pois tirando os picaretas, o resto é pusilânime)


Quase seis horas da tarde. Tinha almoçado cedo por causa do curso. Resolvi fazer um pit-stop para quebrar o jejum e aguentar até às nove, hora estimada para o jantar. Coisa básica: uma empadinha e Coca Zero, a preferida pelos gordos.


Padaria de esquina, jeitosa, mas longe da suntuosidade das paulistanas mais modernas. Entrei no salão, poucas pessoas, salgadinhos na vitrine. Sentei no tamborete, o atendente veio solícito perguntar o que eu desejava. Empada e refrigerante servidos, ele coloca um papelucho na minha frente com algumas garatujas.


Satisfeito, levanto-me e sigo para o guichê do caixa com a comanda e a nota amarela do mico-leão-dourado na mão. Sou o terceiro da fila. O caixa está enrolado com o primeiro freguês, que confere o troco e argumenta alguma coisa que não consigo escutar. O guichê do outro lado é aberto e a mulher na minha frente a ele se dirige. Fico aguardando o desenrolar da discussão, observando as prateleiras ao redor dos caixas: cigarros, balas, chocolates e uma placa branca com letras vermelhas: "Favor conferir o troco na hora; não aceitamos reclamações posteriores". Na minha vez passo os dois papéis para o caixa junto com um "boa tarde" proferido amistosamente.


O homem lê as garatujas, fala "oito e cinquenta" e começa a fazer o troco, colocando no balcão duas moedas e uma nota de dez reais. Enquanto ele faz o troco, aquele "oito e cinquenta" ressoa no meu cérebro, que de repente avisa: "tá caro, tá errado"!
- Por que oito e cinquenta?
-Tá aqui, ó!
- Não, são seis e cinquenta; três reais mais três e cinquenta!
- Pensei que aqui era um cinco.
- Não, é três. Uma empada!
- Calma, meu senhor. Eu refaço.


Ele recolhe as moedas e a nota, depositando-as nas gavetinhas da caixa registradora. Pega a comanda, lê e vai depositando o novo troco sobre o balcão:


- Seis e cinquenta, oito e cinquenta, nove, dez.


Recolho o troco e despeço-me educadamente:


- Agora sim. Muito obrigado.


Ando umas cinco quadras a caminho de casa, distraído com as coisas e as pessoas que vejo, quando de repente o cérebro começa a berrar:outra vez: "era um mico-leão-dourado!, Um mico-leão!


Demoro mais umas quatro quadras para entender o recado cerebral: o troco deveria ser para vinte reais! Estanco na calçada. Tiro o troco do bolso e confiro: dancei em dez paus! Penso em retornar à padaria e reclamar. O cérebro pondera: o estabelecimento avisou! É, paguei um mico!


Será que o aviso na padaria é meramente preventivo ou serve para encobrir as falcatruas habituais dos caixas? Para saber, só gastando outros dez contos. Arrisco?

José FRID

Mais crônicas? Só clicar aqui!

4 comentários:

Anônimo disse...

Que mico, heim???

Kd o carioca "experto"? "Dançô" nessa, malandro!

Frid, agradabilíssima a crônica. E você me ensinou mais uma: garatuja.

Bjs, N.

Anônimo disse...

Parabéns maravilhoso
P.

Anônimo disse...

A gente tenta agradar a clientela!

Anônimo disse...

Bom dia espectacular página , gostei mesmo muito, penso que poderiamos fcar amigos de blog :) lol!
Aparte de piadas sou o Richard, e assim como tu escrevo na internet se bem que o tema principal da minha página é muito distinto de este....
Eu desenvolvo páginas de poker sobre bónus grátis sem teres de por do teu bolso......
Adorei imenso o que li aqui!