Quem conheceu Clarice sabe: ela não era mesmo muito deste mundo. Até hoje lembro de um encontro que tivemos em Porto Alegre, em 1975. Ela – que quase não falava, fumava muito e suportava pouco as pessoas – me convidou para um café na Rua da Praia. Fomos. Silêncio denso, lispectoriano. No balcão do bar, por trás da fumaça do cigarro e com aquele sotaque estranhíssimo, de repente ela perguntou: "Como é mesmo o nome desta cidade?" E estava em Porto Alegre há três dias...
Caio Fernando Abreu in "Caderno 2 – OESP – Domingo, 7 de agosto de 1994, via Caio F Caio
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