Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Cidade Baixa. Rua João Alfredo. Uma das regiões do agito etílico-músico-cultural da cidade.
Cidade que é a capital dos gaúchos, dos farropilhas, dos churrascos, do chimarrão a qualquer hora, da pilcha, das bombachas.
Amálgama das culturas açoriana, indígena, africana, italiana, alemã, etc.
Como propunha Oswald de Andrade no Manifesto Antropofágico, o Brasil seria um país canibal, simbolizado pelo índio, que absorve o estrangeiro, o elemento estranho a si, e torna-o carne da sua carne, canibaliza-o. O colonizado digere o colonizador. Ou seja, não é a cultura ocidental, portuguesa, europeia, branca, que ocupa o Brasil, mas é o índio que digere tudo o que lhe chega. E ao digerir e absorver as qualidades dos estrangeiros fica melhor, mais forte e torna-se brasileiro.
E depois veio o oriental. Que chegou com seus sushis e sashimis, já devidamente incorporados à gastronomia nacional. Carne de vaca, de tão comum, degustados até em terminal de ônibus (leia aqui).
Agora a moda é o temaki, cone de alga preenchido com o arroz do sushi e recheado com salmão, california (kani, manga, pepino), atum, peixe branco, ovas e só vegetais, etc.
A antropofagia cultural em ação!
E se a maioria dos sushiman são nordestinos, por que não aliar o temaki à outra paixão nacional, o samba?
O cone vira atabaque, só juntar a cerveja e temos a "Batukeria", samba e temake no mesmo ritmo, Batucando os hashis no compasso do samba! E para quem quiser dar uma relaxada, temos o "louge", o sushi e o sashimi.
Mas não esqueça dos trajes típicos, especialmente o sapato bicolor! Oswald de Andrade iria adorar o ambiente!
José FRID
(Obs: será que na Bahia já tem mãe de santo japonesa? Mas São Paulo tem acarajé delivery - leia aqui!)
11 comentários:
Só o que faltava . . .
Néli
Globalização, meu caro primo.
Eu, no sábado passado, fui ao nosso renovado Museu Histórico Nacional. Aquele perto da Praça XV, Calabouço. Lá aprendi que, por conta das grandes navegações exploratórias e comerciais portuguesas, e os contatos com outros povos, a nossa língua incorporou diversas palavras das mais variadas origens. E o que é mais curioso, a língua de Camões também se fez presente em outros povos de várias partes do planeta a partir do século XVI. Efeitos do colonialismo, ou mercantilismo, ou da globalização de então. Legal, não é?
Abraços,
Henrique
Adoro ir a museus, sempre muito educativos e interessantes!! E você tocou num ponto interessante: a globalização de "então"!
Contesto sempre quando alguém diz que estamos na época da globalização, pois a globalização sempre existiu, os museus provam isso!
Entendida a globalização como o contato entre países e/ou povos e a influência entre eles.
A pólvora dos chineses acabou com a idade média européia (medieval) e seus castelos. Foram tudo abaixo com tiros de canhão!
A descoberta do Caminho das Índias acabou com a supremacia das cidades italianas, deslocando o poder para os portugueses e os holandeses que vieram na cola deles.
A descoberta da América, ou melhor, o achamento da América, teve profundas repercussões em todo mundo, revolucionando a vida de milhões de pessoas, mesmo que longe da Espanha e de Portugal. Um exemplo clássico de globalização daquela época foi o translado da batata para a Europa, o que permitiu sustentar populações crescentes por todo o continente. Ou seja, sem a batata, a Europa não atingiria seu apogeu, sendo dominada pelo Oriente. Até hoje a batata é a base da alimentação de vários importantes países europeus, como Rússia, Alemanha, Polônia, etc. (Outro dia fui ver uma exposição no MASP sobre imigrantes vindos para São Paulo. Uma polonesa contou que a maior preocupação dela e da família na viagem ao Brasil era saber se eles iriam se adaptar à alimentação brasileira, pois os poloneses adoravam batatas e achavam que no Brasil elas não existiam!!!)
O Estados Unidos deve grande parte de seus imigrantes às crises sucessivas no plantio de batatas em vários países europeus. A Irlanda quase acabou com sucessivas safras frustadas de batatas. Cerca de um milhão de irlandeses morreram e um milhão e meio imigraram para o Estados Unidos atrás de comida e fizeram a riqueza americana!!
Ao vencedor, as batatas!!
Grande abraço!!
Frid
MUITO BOM!!!!
Gabriela
Boa ideia!!
Margarida
Muito bom, gostei das suas crônicas
Sérgio
Fiquei contente que você tenha gostado!!! Vou caprichar mais nas próximas!!!
Olá Frid,
Sempre brilhante. Adorei. Bjs,
Lucy
Sua apreciação é meu contentamento!!
FRID
Puxa! Bela análise, principalmente pelas curiosidades envolvendo as batatas, ditas “inglesas”. É como se daqui a alguns anos, o Sushi Califórnia, ou o Hot Philadelphia, passassem a definir a origem da comida japonesa como sendo americana?!
Gostei da sua conclusão “humanitista”, a lá Quincas Borba, ou machadiana. Boa ideia! Vou comer batatas no almoço, antes que outros as levem para si!
Bom final de semana!
Henrique
Bom fim de semana para você também!!! (mas não esqueça que tem que ter chopes e batata frita!!!
Postar um comentário