A cidade está cheia de faixas divulgando um tal de "Acarajé Delivery". A deliciosa mistura brasileira. Mistura culinária e linguística. Qualquer brasileiro que saiba ler decodifica a mensagem das faixas: basta ligar para o número indicado para receber em casa um acarajé bem quentinho.
No mesmo bom português do "X-Tudo" das lanchonetes populares. Entretanto, será que um português entenderia a mensagem?
O lusitano saberia que "acarajé" é um "bolinho de feijão-fradinho descascado, moído, temperado com sal e cebola ralada, muito bem batido antes de ser frito no azeite de dendê, e servido com molho de pimenta-malagueta, camarões secos, vatapá, tomate e pimentão"? Só se já tivesse viajado para a Bahia.
E que "delivery" no caso significa um serviço de entrega a domicílio? Essa o português talvez saberia, lá também tem McDonald.
A palavra "acarajé" vem do ioruba, formado por akara - 'bolo de feijões, frito" mais "ije" - comida. Os iorubas são um "povo africano do Sudoeste da República Federal da Nigéria, com grupos espalhados também pela República de Benin e pelo norte da República do Togo", que foi trazido em grandes levas para o Brasil, principalmente Bahia.
Bahia! Para mim esse é o maior problema da faixa. Acarajé sem baianas? Sem Salvador? Tô fora!!
Com a miscigenação paulistana, é capaz do acarajé ser feito por um japonês ou coreano, frito por um italiano, vendido por um árabe e entregue por um gaúcho de moto. Melhor pedir uma pizza! (Quase sempre feita por um nordestino)
José FRID
(Leia aqui sobre uma temakeria gaúcha, outro exemplo da antropofagia cultural brasileira!)
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